Anvisa proíbe venda sem receita da ivermectina

Com a restrição, a Anvisa quer impedir que a ivermectina seja vendida indiscriminadamente. Procura disparou no país após divulgação da substância como uma suposta prevenção ou cura para covid-19, mesmo sem comprovações científicas.




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A ivermectina é comercializada desde o início dos anos 1980 para combater verminoses e parasitas, como piolhos, pulgas e carrapatos, em animais e seres humanos.

O medicamento atua no sistema nervoso central dos vermes e parasitas, provocando paralisia, e costuma ser usado em dose única.

Houve um salto da procura pelo medicamento como um suposto tratamento ou método de prevenção para covid-19, apesar de não haver evidências científicas de que ele é eficaz para esses fins, e a agência mudou as regras para sua compra nas farmácias por causa disso.

“A ivermectina é hoje o que a cloroquina era em março. As pessoas se convenceram de que ela pode ter algum efeito (contra a covid-19) e foram atrás de forma descontrolada”, diz a infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O Google aponta a ivermectina é o medicamento em teste contra a covid-19 mais buscado no Brasil hoje. Entre maio e julho, a ivermectina foi três vezes mais buscada do que a cloroquina.

Em vez de uma receita simples, o consumidor deverá ter agora em mãos uma receita branca especial em duas vias, das quais uma ficará retida na farmácia. Cada receita terá validade de 30 dias, a partir da data de emissão, e poderá ser usada uma única vez.

O objetivo deste tipo de medida é garantir que os estoques que existem no mercado não se esgotem, ao combater a venda indiscriminada de remédios que têm sido divulgados para tratamento ou uso profilático para covid-19, sem que haja estudos que apontem que eles têm de fato esses efeitos.

Em março, a Anvisa fez o mesmo com a cloroquina e hidroxicloroquina, também por causa do aumento da procura nas farmácias.

A mudança do regime de controle da venda da ivermectina foi anunciada com a publicação de resolução nesta quinta-feira no Diário Oficial da União.

“Isso é para garantir que o medicamento não falte para que as pessoas que precisam dele sob prescrição médica. Será mais fácil achá-lo na drogaria, ao evitar possíveis desabastecimentos”, disse Marcus Miranda, diretor da Anvisa.