Sara Winter divulga nome e endereço de menina de 10 anos estuprada pelo tio

Depois da divulgação religiosos organizaram atos contra o procedimento, causando tumulto na porta do hospital




Brasil, Notícias

A militante de extrema-direita Sara Fernanda Giromini, a Sara Winter, divulgou neste domingo (16) o nome e o endereço da menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio e está grávida de 5 meses. O nome da menina foi compartilhado por outros seguidores contra a realização do aborto e foi parar na lista dos assuntos mais citados no Twitter.

A menina teve que deixar o Espírito Santo (ES) para interromper a gravidez. Mesmo com uma decisão judicial, o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes negou o procedimento. A unidade médica alegou questões técnicas. 

Na publicação, Sara chamou de “aborteiro” o médico que realizará o procedimento e pediu que seus seguidores rezassem e “colocassem os joelhos no chão”.

Sara Winter foi presa em junho pela Polícia Federal por “atos antidemocráticos” que pediam fechamento do STF e do Congresso. 

Grávida de cerca de 20 semanas, a criança já enfrenta problemas de saúde, segundo o jornal carioca. Pela lei, ela tem direito de realizar o aborto legal por ter sido vítima de violência sexual e pelo risco de morte materna.

Na noite de sexta-feira (14), houve decisão judicial autorizando a realização do procedimento após “manifestação da vontade da criança e da família”.

Na decisão, o juiz determina que “seja realizada a imediata análise pela equipe médica quanto ao procedimento de melhor viabilidade para a preservação da vida da criança, seja pelo aborto seja pela interrupção da gestação por meio de parto imediato”.

A família da vítima sofreu forte pressão para que não haja interrupção da gravidez. Dezenas de pessoas foram à casa da avó da menina. Políticos e religiosos também tentaram interferir nos últimos dias.

Manifestações

Após a divulgação, um grupo religioso de Recife, em Pernambuco, mobilizou dezenas de pessoas neste domingo (16) em frente ao hospital onde a menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada realizaria o aborto do feto. Em imagens publicadas nas redes sociais, o grupo reza e chama o médico responsável pelo procedimento de “assassino”.

Na página do grupo no Instagram, chamado de Comunidade Católica Porta Fidei, uma mulher publicou vários vídeos divulgando a ação e justificando o ato. “Nós queremos salvar as duas vidas, tem como segurar essa vida, tanto da criança quanto da menina de dez anos (…) as duas vidas importam, as duas vidas valem”. Nos vídeos seguintes, o grupo é filmado em um círculo na entrada do hospital enquanto canta uma música religiosa.

Vários vídeos da manifestação foram publicados também no Twitter, onde grupos que defendem a realização do procedimento também foram à porta do hospital. Em um deles, pode-se ouvir um grupo de pessoas que brada: “Vocês estão rezando para uma menina de 10 anos parir”, enquanto os religiosos dão as mãos e fecham a roda contra o outro grupo.