A renúncia de Evo Morales à presidência da Bolívia aconteceu neste domingo (10), por meio de um pronunciamento em rede nacional. Além de Evo, Álvaro García Linera, vice-presidente, e outros três ministros também deixaram o cargo.
Morales havia dito, mais cedo neste domingo, que convocaria novas eleições, logo após a Organização dos Estados Americanos (OEA), divulgar que as eleições de 20 de outubro haviam sido fraudadas.
Horas mais tarde, o comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, general Williams Kaliman, pediu para que Evo renunciasse para “pacificar” o país .
O comandante da Polícia Boliviana, general Vladimir Yuri Calderón, em vídeo nas redes sociais, também pediu a saída de Evo. Então, Morales ao ver que não restava alternativa, cedeu e renunciou
Cronologia das eleições até a renuncia de Evo Morales
Informações retiradas do portal G1 permite ter uma visão geral de como ocorreu todo processo até chegar à renuncia de Evo.
Fevereiro de 2016
No dia 21 de fevereiro a Bolívia fez um referendo, o intuito de decidir se poderia haver a quarta reeleição, o resultado da votação derrubou a ideia de que o presidente Evo Morales se reelegesse.
O então presidente, recorreu ao Tribunal Constitucional – fazendo a alegação de que na campanha usaram uma história falsa sobre um filho não-reconhecido.
Dezembro de 2018: aprovação para concorrer as eleições
Evo concorreu ao quarto mandato no fim de 2017, depois que o Tribunal Constitucional deu sinal verde para que isso ocorresse. Já o Tribunal Eleitoral deu a sua aprovação em dezembro de 2018, mesmo com a derrota no referendo.
Outubro de 2019: contestação das eleições
Dia 20 de outubro: dia da votação. Havia duas formas de apurações: uma preliminar e mais rápida, e outra de resultado definitivo, por contagem voto a voto. Os resultados iniciais da primeira apuração apontavam um segundo turno quando ela foi interrompida. Logo após somente à contagem definitiva, mais lenta.
Dia 22 de outubro: protestos. Antes mesmo do resultado definitivo que apontava a vitória de Evo já começaram as manifestações. Os simpatizantes de Carlos Mesa, o candidato derrotado, foram às ruas para denunciar uma fraude na apuração. Houve relatos de confrontos em Sucre, Oruro, Cochabamba e La Paz, entre outras cidades.
Dia 24 de outubro: vitória de Evo. Depois de dias de indefinição, a autoridade eleitoral declarou que Evo Morales estava eleito pela quarta vez por ter ficado em primeiro lugar, com 10,56 pontos percentuais à frente de Carlos Mesa.
Dia 30 de outubro: auditoria. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e o governo da Bolívia anunciaram que a entidade faria uma auditoria do processo eleitoral inteiro.
Novembro de 2019: auge da crise
As manifestações recrudesceram, e os atos passaram a pedir uma nova eleição. A oposição passou a pedir a renúncia de Evo Morales.
Dia 8 de novembro: motim. Os departamentos de polícia das regiões de Cochabamba, Sucre e Santa Cruz decidiram que não iriam mais reprimir os manifestantes e se amotinaram. No dia seguinte, policiais de La Paz aderiram.
Dia 9 de novembro: Evo anunciou que a casa de sua irmã foi incendiada.
Dia 10 de novembro: OEA publicou conclusões preliminares da auditoria: houve fraude nas eleições e é preciso convocar uma nova votação. Logo em seguida, Evo Morales convoca a imprensa e anuncia a dissolução do Tribunal Superior Eleitoral e a convocação de novas eleições.
Repercussão do caso
Na rede social Twitter, várias autoridades se pronunciaram sobre o caso. Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil, destacou:
Manifesto total solidariedade ao presidente legítimo da Bolívia, @evoespueblo, q foi destituído por um golpe militar, teve a casa invadida pela polícia e sofreu um mandado de prisão ilegal. Um atentado gravíssimo à democracia na Am. Latina e uma violência contra o povo boliviano.
— Dilma Rousseff (@dilmabr) 11 de novembro de 2019
Em sua conta do Twitter o presidente Jair Messias Bolsonaro, relatou:
Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do Presidente Evo Morales. A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, contagem de votos que possam ser auditados. O VOTO IMPRESSO é sinal de clareza para o Brasil! pic.twitter.com/MlmebgqjGQ
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 10, 2019
De acordo com comunicado emitido pelo governo Russo na manhã desta segunda-feira (11), foi pedido que as forças políticas demonstrem “bom senso” e atuem “de forma responsável”
“Causa profunda preocupação que a vontade do governo de buscar soluções construtivas, com base no diálogo, foi rejeitada por eventos que tem um padrão de um golpe de estado orquestrado”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
“Estamos preocupados com a dramática evolução da situação na Bolívia, onde a onda de violência desencadeada pela oposição não permitiu que o mandato presidencial de Evo Morales fosse cumprido”, afirmou Moscou.