O número de pessoas evangélicas no Ceará vem crescendo de forma significativa, especialmente entre os jovens. Dados do Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os evangélicos passaram de 14,3% da população cearense em 2010 para 20,8% em 2022. A tendência acompanha o crescimento do número de igrejas neopentecostais no Brasil, e a popularização do conservadorismo jovem propagado nas redes sociais.
Apesar desse crescimento, o catolicismo ainda é a religião predominante no estado do Ceará. Mesmo com uma queda de 8,7 pontos percentuais em doze anos, 70,4% da população do Ceará com 10 anos ou mais se declara católica. O estado continua sendo o segundo mais católico do Brasil, atrás apenas do Piauí (77,4%). O grupo dos que não seguem nenhuma religião também cresceu, passando de 4,3% em 2010 para 5,3% em 2022, indicando uma sociedade cada vez mais plural nas crenças e formas de vivenciar a espiritualidade.
O levantamento revela ainda mudanças no perfil racial e religioso da população. Os evangélicos já representam ao menos 20% entre todos os grupos raciais no estado. Entre os indígenas, 23,4% se declaram evangélicos, enquanto 61% seguem o catolicismo. As religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, também cresceram, passando de 0,11% para 0,37% da população entre 2010 e 2022. Elas são mais presentes entre pessoas pretas e indígenas e junto aos “sem religião”.
Mesmo com o avanço evangélico, cidades como Juazeiro do Norte mantêm forte ligação com o catolicismo popular. A cidade, conhecida pela devoção ao Padre Cícero e à beata Maria de Araújo, registrou um índice de 81,1% de católicos em 2022. As romarias, manifestações de fé e a religiosidade popular continuam sendo traços marcantes da identidade local. O cenário religioso cearense, embora em transformação, mostra um equilíbrio entre tradição e mudançacom destaque para a crescente presença dos jovens em novas expressões de fé.
