
Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) descobriram microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês nascidos em Maceió. Essa é a primeira vez que esse tipo de partícula é identificado em cordões umbilicais na América Latina e apenas o segundo caso no mundo. A pesquisa foi publicada na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências
Foram analisadas amostras de dez gestantes atendidas em hospitais públicos da capital alagoana. As partículas foram identificadas por uma técnica avançada chamada espectroscopia Micro-Raman, que consegue revelar a composição química de substâncias com muita precisão.
Os resultados mostraram 110 microplásticos nas placentas e 119 nos cordões. Os principais tipos encontrados foram o polietileno, presente em embalagens plásticas, e a poliamida, usada em tecidos sintéticos. A maioria das mulheres tinha mais partículas no cordão do que na placenta, o que indica que os bebês já estão em contato com esses materiais ainda dentro do útero.
A origem dessa contaminação ainda não é totalmente clara, mas os cientistas apontam o consumo de frutos do mar e o uso de água mineral em galões como possíveis fontes. A exposição também pode vir do ar ou de alimentos embalados em plástico. A poluição ambiental, principalmente a marinha, é uma grande preocupação.
O grupo de pesquisa pretende agora ampliar o estudo para cem gestantes e investigar se existe ligação entre a presença dos microplásticos e problemas na gravidez ou na saúde dos recém-nascidos. Para isso, está sendo criado um Centro de Excelência em Pesquisa de Microplásticos, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Os cientistas alertam que medidas individuais não são suficientes para resolver o problema. Eles defendem que o governo crie regras mais rígidas para controlar a produção, o uso e o descarte de plásticos. O objetivo é diminuir a presença desses resíduos no meio ambiente e, assim, proteger as futuras gerações desde o início da vida.