A partir desta segunda-feira (17) o Youtube muda a sua política de acesso dos vídeos com conteúdos sobre apostas para menores de idade. As novas restrições vão impor limites mais rígidos tanto para conteúdos de violência gráfica em jogos quanto para vídeos relacionados a apostas on-line. As mudanças têm como objetivo principal afastar usuários menores de idade de materiais considerados potencialmente danosos.
No setor de apostas, a plataforma amplia o escopo de fiscalização: qualquer conteúdo que envolva jogos de azar, mesmo aqueles baseados apenas em itens virtuais, como skins, cosméticos ou NFTs, será restringido quando houver ligação com plataformas não certificadas pelo Google. A medida atinge desde vídeos tradicionais até transmissões ao vivo, incluindo menções e demonstrações de serviços de apostas que não tenham aval da empresa. Para o YouTube, essa atualização acompanha o crescimento de modalidades de apostas vinculadas a bens digitais.
Além disso, conteúdos de jogos sociais de cassino entrarão na mesma linha de bloqueio. Desde março, já não era permitido citar ou exibir serviços de apostas sem aprovação do Google, mas agora a restrição será definitiva para menores de 18 anos, ainda que não exista dinheiro real envolvido.
Paralelamente, o YouTube também reforça seu controle sobre vídeos com violência humana realista em games, buscando reduzir o contato de adolescentes com cenas consideradas prejudiciais. Criadores têm a recomendação de ajustar seus canais antes que a política passe a valer integralmente, podendo ter vídeos antigos removidos ou marcados como impróprios para menores, mas sem penalidades diretas.
Com isso, a plataforma tenta alinhar suas regras ao cenário atual dos jogos eletrônicos e às práticas adotadas pelo restante da indústria de conteúdo digital.
Com as novas restrições, a divulgação principalmente das bets clandestinas deve ser afetada, levando em consideração que diversos canais costumavam fazer lives com demonstrações de jogo em bets clandestinas costumam, durante 24 horas por dia.
Para Daniel Fortune, criador de conteúdo com projeto voltado para a conscientização dos apostadores sobre os riscos de jogar nas bets, as novas políticas, junto a outras medidas adotadas anteriormente, reforçam a importância das boas práticas dentro do mercado.
“A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA/MF) não permite que menores de 18 anos joguem nas bets, de modo que a publicidade também não deve ser endereçada para esta faixa-etária. Nessa linha, o anexo X, do CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) determina que as veiculações de publicidade de apostas não devem ser destinadas a menores de idade. Da mesma forma, conteúdos com ênfase nas apostas também devem ter essa restrição, a exemplo da realização desse filtro pelas próprias configurações do Youtube. Mas é claro que somente essa restrição não basta e é necessário cada vez mais educar os apostadores para garantir o jogo mais seguro e saudável”, analisa.
No mesmo sentido, João Fraga, CEO da Paag, alerta para a importância da publicidade responsável e também para o aprimoramento das barreiras no ambiente das próprias casas de apostas para evitar o acesso de menores e impedir comportamentos compulsivos.
“É fundamental o cuidado com os menores de idade e com a manutenção da conformidade regulatória para garantir a segurança de todos os envolvidos. Nessa linha, sempre dizemos que também é muito importante o aprimoramento das ferramentas do jogo responsável, como autoexclusão e limites de depósito, mas, além disso, gerar inteligência por meio das informações e interpretar as ações do jogador sob diferentes perspectivas, para entender padrões que antecedem comportamentos de risco”, destaca.
Já Cristiano Costa, psicólogo clínico e organizacional e diretor de conhecimento (CKO) da Empresa Brasileira de Apoio ao Compulsivo (Ebac), destaca sobre os cuidados que qualquer propaganda de bet deve ter:
“Campanhas responsáveis devem focar a diversão com o risco. E adotar regras de transparência e fazer advertências visíveis sobre o risco de dependência, de forma semelhante como já acontece em outros setores, como o de bebidas alcoólicas e fumo, por exemplo. E que deveria acontecer com diversos outros produtos e serviços que estimulam o gasto desenfreado. Omitir essas informações das propagandas, em qualquer setor econômico, deve ser alvo de sanções por parte dos órgãos responsáveis pela regulação e fiscalização no meio publicitário”, analisa.

