Museu Nacional leva exposição sobre as Ilhas Cagarras, ao Aeroporto Santos Dummont

Objetivo da mostra “Nas Asas da Ciência – um voo pelas Ilhas Cagarras” é levar aos passageiros e visitantes do Aeroporto Santos Dumont (SDU) conhecimento sobre uma das mais emblemáticas Unidades de Conservação do Rio de Janeiro




Natureza, Notícias

O Aeroporto Santos Dumont recebe a exposição ‘Nas Asas da Ciência – Um Voo pelas Ilhas Cagarras’, de 22 de dezembro de 2021 a 20 de fevereiro de 2022. Esta Exposição é fruto de uma realização coletiva, capitaneada pelo Museu Nacional/UFRJ em parceria com a INFRAERO, o ICMBio, o Projeto Ilhas do Rio, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Colônia de Pescadores Artesanais de Copacabana (Z-13), contando com o apoio das empresas Ecossis e Emob. A exposição é gratuita e será no Saguão de Desembarque do Aeroporto, em um espaço com 280 m2 e uma deslumbrante vista para a pista do aeroporto emoldurada pela Baía de Guanabara.


O objetivo dos organizadores é levar aos cariocas e visitantes que passam pelo Aeroporto informações científicas sobre um dos grandes símbolos de beleza cênica e biodiversidade marinha do Rio de Janeiro, o Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras). Esta Unidade de Conservação (UC) federal de proteção integral, criada em 2010, fica ao sul da Praia de Ipanema e abriga espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção e também novas para a ciência. Abrange seis ilhas e ilhotas e mais a área marinha no raio 10 m de cada, protegendo ecossistemas terrestres e marinhos reconhecidos internacionalmente pela importância à conservação da natureza. Destacam-se na UC as aves marinhas, que enfeitam diariamente os céus da cidade maravilhosa e têm no MONA Cagarras um dos dois maiores ninhais de fragatas do Atlântico Sul. 

“As Ilhas Cagarras têm grande valor paisagístico, cultural e ecossistêmico para os moradores do Rio de Janeiro e para os turistas que visitam a cidade. Grande parte dos voos que chegam e partem da cidade sobrevoam esse cartão postal natural. O público terá a oportunidade de contemplar a rica biodiversidade da região, conhecer uma parte singular da História Indígena do Brasil e se aproximar dos resultados científicos produzidos por diversas linhas de pesquisa na Unidade de Conservação”, explica o pesquisador Fernando Moraes, um dos organizadores da exposição. 

“Esta Exposição apresenta ao público, pela primeira vez, a mais nova peça preparada no Setor de Taxidermia do Museu Nacional, uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) de quase 50 kg, que foi encontrada no entorno das Ilhas Cagarras por pescadores artesanais da Colônia de Copacabana e doada ao Departamento de Vertebrados da instituição”, ressalta Juliana Sayão, Diretora-Adjunta de Integração Museu e Sociedade. “Isso é uma demonstração da vontade da população de colaborar com a recomposição do acervo do Museu Nacional, que tem recebido diversas peças do Brasil e do exterior”, complementa a professora.    


Exposição

A Exposição tem cerca de 50 exemplares de diferentes espécies e grupos zoológicos da Coleção Didático-Científica da Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional/UFRJ, como caranguejos, conchas, corais, esponjas e estrelas-do-mar. Dentre este acervo, destacam-se os exemplares taxidermizados, como as duas aves marinhas mais emblemáticas da UC, o atobá-marrom e a fragata, além de um peixe Mero com mais de 1 m de comprimento, doado pelo Projeto Meros do Brasil. Disponibilizadas pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, duas espécies de bromélias típicas do MONA Cagarras ficarão expostas no saguão de desembarque, aproximando ainda mais o público da temática natural. Serão apresentados também modelos de artefatos arqueológicos, como machados de pedra polida e cerâmicas, que registram a presença indígena Tupiguarani no local desde o Século XV. Textos, fotos, vídeos, mapas, maquetes e um painel interativo integram a exposição. 


Com o intuito de ser um ambiente de aprendizagem, os temas serão abordados através da perspectiva dos pesquisadores em campo, aguçando a curiosidade dos visitantes para a conservação deste patrimônio natural. A maioria destes resultados é fruto de levantamentos de longo prazo da biodiversidade local, principalmente através da parceria do Projeto Ilhas do Rio com o Museu Nacional/UFRJ, o ICMBio, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Colônia Z-13.

Ilhas Cagarras

O Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras) é composto por quatro ilhas (Cagarra, Palmas, Comprida e Redonda) e duas ilhotas (Filhote da Cagarra e Filhote da Redonda), mais a área marinha nos 10 m de raio de cada uma, formando um mosaico de ambientes terrestres e marinhos com 708 espécies da fauna e da flora identificadas nos ecossistemas de Restinga, Mata Atlântica e Costão Rochoso. Nos costões rochosos submarinos e nas águas do entorno foram identificadas cerca de 50 espécies de macroalgas, 180 de invertebrados, 174 de peixes recifais, 10 de aves marinhas e seis de cetáceos. Do costão emerso até o cume da ilha mais alta, são conhecidas 192 espécies de plantas vasculares, 50 de insetos e aracnídeos, além de outras 46 de aves. O ninhal de fragatas (Fregata magnificens) no MONA Cagarras é um dos dois maiores do Atlântico Sul, com 5.500 indivíduos estimados. Algumas espécies exóticas invasoras também foram registradas na UC e seu entorno, demandando ações constantes de monitoramento e manejo dos ecossistemas. Criada pela Lei 12.229 – 13 de abril de 2010, esta Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral é gerida pelo ICMBio.


MONA Cagarras e ASA do Aeroporto Santos Dumont

A Área de Segurança Aeroportuária (ASA), que abrange um raio de 20 km no entorno do aeroporto, é monitorada constantemente por meio do contrato firmado entre INFRAERO e Ecossis Soluções Ambientais. O intuito é reduzir os riscos de colisões entre fauna e aeronaves. Nesta área, o Monumento Natural das Ilhas Cagarras figura como o principal ponto de atenção na região, principalmente pela alta concentração de aves marinhas. Os resultados científicos produzidos na última década sobre as aves marinhas desta Unidade de Conservação reforçam a importância das ilhas para a manutenção das populações de fragatas e atobás, as duas principais espécies da região. Diariamente, cerca de 5.500 fragatas (Fregata magnificens) e 2.500 atobás-marrom (Sula leucogaster) voam no céu da metrópole do Rio de Janeiro, em deslocamentos no entorno do MONA Cagarras. Isto inclui a Baía de Guanabara e os diversos sistemas lagunares da região. Este movimento em busca de alimento tem interface direta com a ASA do SDU, demandando constante monitoramento. Os dados coletados e analisados revelaram que estas duas espécies são as mais avistadas no Aeroporto. As aves também se aproximam de embarcações pesqueiras, sendo estratégico conhecer as áreas de pesca para uma boa gestão de riscos nas rotas de pousos e decolagens.