Museu Nacional anuncia descoberta de incêndios na Antártica há 75 milhões de anos

O feito foi divulgada em coletiva de imprensa realizada nesta manhã, 20. De acordo com os estudos, os incêndios afetaram diretamente o ecossistema do planeta.




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Em pesquisa inédita apresentada hoje, 20, na revista Polar Research, foram apresentados os primeiros registros de paleoincêndios na Ilha James Ross, localizada na Península Antártica. a descoberta em evidência ocorreu durante expedição que se estendeu por 70 dias, realizada entre os anos de 2015 e 2016. Os fósseis coletados apresentavam características de carvão vegetal que se demonstravam desgastados pelo tempo de exposição a intempéries. 

Contudo, os estudos demonstraram que o continente marcado pelo gelo nem sempre foi assim, sendo possível constatar que há 75 milhões de anos o local era verde, com temperaturas mais elevadas e características climáticas diferentes. A incidência de fósseis de  troncos e lenhos vegetais é verificada em todo o continente, o que indica a composição de floresta durante o período cretáceo; a maior novidade neste espectro se direciona a observação de que o local era acometido por incêndios espontâneos. 

Fóssil encontrado durante a expedição em comparação com moeda de R$1. Foto: Museu Nacional

O estudo foi liderado pela pesquisadora Flaviana Lima, que afirma que “essa descoberta amplia o conhecimento sobre a ocorrência de incêndios vegetacionais durante o Cretáceo, mostrando que episódios assim eram mais comuns do que se imaginava, além de representar uma contribuição significativa para os estudos paleobotânicos em todo o mundo”. Acrescenta-se que a observância de longos incêndios no período cretáceo afetou diretamente a composição de comunidades de plantas, influenciando nas mudanças paleoecológicas em diferentes ambientes do planeta.

Diversos registros de incêndios florestais intensos em todo o mundo têm sido notados, em especial no espaço tempo do Cretáceo superior, entre 85 e 70 milhões de anos. Todavia, majoritariamente esses dados são observados no norte do planeta. 

Participaram do estudo pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Museu Nacional/UFRJ, Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (CENPALEO) e Universidade Regional do Cariri (URCA).