Médicos cearenses realizam manifestação pelas 100 mil mortes pela Covid-19 no Brasil e denunciam: grande parte poderia ter sido evitada

Profissionais de saúde cobram responsabilização do presidente que minimiza o número de mortes, com declarações como “E daí?”, Não sou coveiro” e “Vamos tocar a vida”




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Médicos e médicas cearenses, integrantes do Coletivo Rebento – Médicos em Defesa da Ética, da Ciência e do SUS, realizam na manhã deste sábado, em Fortaleza, em local a ser definido, manifestação de luto pelas mais de 100 mil mortes por Covid-19. Eles denunciam que grande parte desses óbitos poderia ter sido evitada, se tivesse havido o devido cuidado desde o início, uma coordenação nacional de ações, um compromisso em salvar vidas de brasileiros, principalmente dos mais pobres, maioria entre as vítimas fatais da doença.

Os médicos e médicas participantes manifestam repúdio às ações e à condução pelo Governo Federal da grave crise de saúde pública, com 100 mil óbitos no Brasil, enquanto a Argentina contabiliza atualmente 4 mil mortes por Covid-19.

Os profissionais de saúde destacam que o Brasil virou motivo de vergonha, ameaça e preocupação mundial, sem ministro da saúde, sem a coordenação de ações que seria fundamental para reduzir os efeitos da pandemia no País, incluindo o devido apoio econômico e social para que todos os trabalhadores de atividades não essenciais pudessem ficar em casa. Um plano efetivo de enfrentamento tanto da crise sanitária e humanitária quanto de suas consequências econômicas, muito além dos insuficientes R$ 600,00, que ainda geram aglomerações nos bancos e não chegam a todos que teriam direito.

Quantas das 100 mil mortes poderiam ter sido evitadas?

Para os médicos e médicas participantes, a sociedade precisa refletir sobre por que chegamos a essa marca de 100 mil mortes, grande parte das quais poderia ter sido evitada. Sobre a enorme desigualdade social levando a mais mortes, com grande percentual de negros, pobres e moradores de periferia. Sobre o País não ter ministro da saúde desde 15 de maio, em plena pandemia.

“É preciso defender o SUS, que está salvando vidas e evitando uma tragédia ainda maior. É preciso defender os profissionais de saúde e garantir condições de trabalho. É preciso revogar o congelamento dos recursos para a saúde”, enfatizam os médicos, sobre a emenda constitucional que congelou o orçamento federal para a saúde por 20 anos.

“É preciso garantir a todas as pessoas condições para se prevenir da doença e viver com dignidade. É preciso garantir tratamento adequado a todos e todas. É preciso responsabilizar quem mentiu para o País e subestimou a doença. Quem divulgou remédio que não funciona, sabendo que não funciona”, acrescentam.

“São mais de 100 mil mortes. Para evitar que essa tragédia continue e que ainda mais vidas sejam perdidas, é preciso mudar”.

O coletivo e as manifestações

O Coletivo Rebento – Médicos e Médicas em Defesa da Ética, da Ciência e do SUS chamou atenção nacionalmente com a grande repercussão do vídeo em que mais de 30 médicos deram uma resposta à fala do presidente sobre “invadir e filmar hospitais”.

O coletivo também realizou uma manifestação na Praia de Iracema, no dia 13/6, em homenagem às vítimas da Covid-19 e aos profissionais de saúde, além de crítica ao Governo Federal, e participou de segunda manifestação no mesmo local, no dia 21/6, promovida pelos Médicos pela Democracia, como parte de uma grande manifestação nacional da categoria. Ambas as manifestações contaram propositadamente com poucas pessoas, em ambiente aberto e ventilado, e respeitaram os cuidados de distanciamento, higiene e prevenção.

Os vídeos e demais conteúdos produzidos pelo Coletivo Rebento estão disponíveis nas redes sociais Facebook e Instagram, além da plataforma Youtube. O manifesto de fundação do coletivo está disponível para assinatura na plataforma de manifestações coletivas Avaaz.