
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) mostrou que a circulação de fake news sobre vacinas teve impacto direto no aumento de mortes por Covid-19 no Brasil. A pesquisa analisou dados de 2021 a 2022 e constatou que, nos períodos com maior disseminação de desinformação, os óbitos também foram mais altos.
O trabalho, publicado na Revista de Enfermagem da UFPI, é o primeiro a estabelecer uma ligação estatística entre desinformação e mortalidade por Covid. Segundo a autora principal do artigo, a jornalista Adriana Rodrigues, os dados confirmam que as notícias falsas influenciaram negativamente decisões individuais sobre vacinação.
A coleta de dados foi feita em plataformas do Ministério da Saúde e de agências de checagem como Lupa e Aos Fatos. A orientação da pesquisa ficou a cargo da professora Thereza Magalhães, que reforça a importância de combater a desinformação com estratégias de comunicação baseadas em ciência.
Os pesquisadores alertam que o cenário continua preocupante. Falsas informações sobre a vacina da gripe, por exemplo, têm circulado recentemente, associando-a a mortes e queda na expectativa de vida. Essa onda de desinformação pode explicar a baixa adesão à campanha nacional contra a gripe.
Outro ponto relevante da pesquisa é que a cobertura vacinal, por si só, não teve relação estatística significativa com o número de mortes, o que indica que outros fatores, como a confiança da população nas vacinas, também devem ser considerados.
Diante disso, os autores defendem políticas públicas focadas no combate às fake news e no incentivo à vacinação. Eles reforçam que fortalecer a confiança nas instituições de saúde e promover o acesso à informação correta são passos essenciais para proteger a vida da população.