Dia Nacional do Café: por que esse item está pesando no bolso dos brasileiros?

Uma parte da população prefere tomá-lo sem açúcar, a outra opta por colocar algumas colheres de adoçante, mas as duas concordam em uma coisa: o preço do café está amargo.




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Desde 2005, o 24 de maio é destinado a comemorar o Dia Nacional do Café, data instituída pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), com o objetivo de estimular o consumo e a produção nacional desse item que está na mesa dos brasileiros diariamente.

Uma parte da população prefere tomá-lo sem açúcar, a outra opta por colocar algumas colheres de adoçante, mas as duas concordam em uma coisa: o preço do café está amargo. De acordo com o levantamento divulgado em abril pela Scanntech, empresa de inteligência de mercado, a modalidade Torrado, Moído e em Grãos, sofreu uma alta de 68% em 2022, quando comparado ao mesmo período no ano anterior.

O Brasil produz café desde o século 17, e até 1920 a sua produção e exportação representavam parte da economia do país. Somente em 1930, após a crise de 1929 nos Estados Unidos, as exportações diminuíram, fazendo com que o produto estivesse disponível em mais abundância nas prateleiras dos mercados. Porém, o item aos poucos tem deixado de fazer parte da mesa dos trabalhadores. “Aqui em casa nós deixamos de tomar café, imagina ter que pagar 10 reais em um pacote que não dura 15 dias? Prefiro comprar arroz.”, afirma Maria Josefa, moradora do bairro Franciscanos em Juazeiro do Norte.

Para Rodrigo Casado, da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Norte Pioneiro, um dos fatores que influenciam na alta do preço é o café ser considerado commodity, uma matéria-prima que não se diferencia independente de quem as produziu ou de sua origem, sendo seu preço determinado unicamente pela oferta e procura internacional. “Nós temos, hoje, um baixo estoque do café na mão de produtores e um alto estoque na mão de atravessadores, exportadores, traders, empresas que fazem a logística e a comercialização de café em nível global”, conclui em entrevista ao Brasil de Fato.

Economistas apontam que outros fatores como as alterações de câmbio do dólar, que hoje custa R$4,81, incentivam a venda para o mercado externo, mas desabastecem o mercado interno. Além disso, condições climáticas que atingiram as maiores regiões que produzem o insumo (Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Espírito Santos), também estão ligados ao aumento de preço.

“É difícil porque além do café outras coisas também subiram, então tá tudo caro, a gente tem que mudar o que come porque não sabe se o preço vai estar o mesmo mês que vem”, declara Irene Santos, vendedora autônoma de roupas.

Vale reforçar que o café não é o único produto com o preço disparado. A gasolina, o diesel, o óleo de soja, o mamão, a cenoura e o açúcar estão entre as mercadorias que mais pesam no bolso dos brasileiros.