Ceará tem a primeira mulher trans a presidir um partido político

Sued Carvalho, professora e historiadora, que candidatou-se como
deputada federal em 2022, agora assume a liderança do partido.




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UP! (Foto: Divulgação)

Entre os dias 16 e 17 de setembro, a Unidade Popular pelo Socialismo – UP , nova legenda de esquerda do país, elegeu em seu 3° Congresso Estadual a primeira mulher trans a presidir um partido político no Ceará. Sued Carvalho, professora e historiadora, que candidatou-se como
deputada federal em 2022, agora assume a liderança do partido.

Com mais de 90 delegados no plenário e presença de 6 cidades do estado – Juazeiro do Norte, Fortaleza, Itapajé, Quixadá, Crateús e Caucaia -, os filiados da UP debateram sobre o crescimento do partido. Eslaine Paixão, do diretório nacional do partido, reforçou que é necessário construir alternativas de esquerda com lideranças que estejam dispostas a enfrentar as medidas que afetam a população brasileira . “Temos orgulho em falar que a UP não precisa de cota, pois a maioria dos estados tem mulheres na sua presidência; mulheres pobres, negras, trabalhadoras e que constroem ocupações e lutas sociais cotidianamente”, reforça.

Segundo o levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, nas eleições de 2022, 67 foram de travestis e mulheres trans, 5 de homens trans, e 4 candidaturas são de pessoas com identidades não binárias. Destes, somente 36 disputaram as eleições com o nome social. A grande maioria das candidaturas, cerca de 85%, veio de partidos de esquerda. O tema também foi levantado entre os participantes. “Não queremos ocupar os espaços apenas por ocupar, mas para intervir verdadeiramente e defender os interesses da classe trabalhadora. Além das eleições, quantas mulheres trans estão à frente da construção política
dos seus partidos? É preciso refletir sobre isso.” pontua Sued Carvalho.

Para a presidente estadual da UP, a meta da legenda nos próximos anos é reforçar as alianças políticas de esquerda ao lado dos trabalhadores e estar próxima da luta do povo cearense. “Além de reforçar a importância histórica desse momento, pois é a primeira vez na história do Brasil que uma mulher trans preside um diretório estadual em qualquer partido, isso mostra como a pauta LGBT avança em nosso país”, comemora.

Na ocasião, os filiados também elegeram os delegados responsáveis por representar o estado do Ceará no 3° Congresso Nacional da Unidade Popular, que será realizado em novembro, no Rio de Janeiro. Na delegação eleita, composta por 10 pessoas, 6 são mulheres. Destas, 4 são negras e 2 são mulheres trans.